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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Dopamina e Parkinson

Dopamina e Parkinson

Cientistas portugueses e norte-americanos revelam pistas moleculares


Tiago Fleming Outeiro, investigador

Investigadores portugueses e norte-americanos publicaram na última edição da revista «PLoS One» um estudo que revela novas pistas sobre a acção da dopamina, um estimulante do sistema nervoso central, na doença de Parkinson.

O estudo foi desenvolvido na Harvard Medical School (Estados Unidos) e no Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, e contou com a colaboração de investigadores portugueses, norte-americanos e alemães.

A doença de Parkinson caracteriza-se pela degeneração e morte de neurónios produtores de dopamina, numa região do cérebro, a substancia nigra.
Apesar de se desconhecerem ainda aspectos importantes dos mecanismos moleculares responsáveis pela doença, sabe-se que na sua base está a formação de agregados de proteínas dentro dos neurónios, nomeadamente, de uma chamada alfa-sinucleína.

Em doentes de Parkinson, a alfa-sinucleína adopta uma forma alterada, que provoca a sua agregação em aglomerados tóxicos para as células. O estudo agora publicado vem mostrar que as alterações sofridas pela proteína podem ser induzidas pela dopamina, sugerindo o seu papel na formação dos agregados de proteína característicos da doença.


Formam-se agregados de proteínas dentro dos neurónios
A dopamina é um estimulante do sistema nervoso central, percursor da adrenalina e noradrenalina, e está também envolvida na dependência psicológica a vários vícios. No sistema motor, desempenha também um papel fundamental.

Os resultados publicados fornecem também uma possível explicação para observações anteriores, que revelaram que os neurónios produtores/receptores deste estimulante são mais vulneráveis à morte celular – característica da doença de Parkinson.

Agregados proteicos
“O nosso trabalho sugere que a vulnerabilidade dos neurónios na doença de Parkinson esteja relacionada com a capacidade da dopamina de favorecer formas de alfa-sinucleína que levam ao aparecimento de agregados proteicos”, esclarece Tiago Fleming Outeiro, primeiro autor e correspondente do estudo, investigador do Instituto de Medicina Molecular e sub-director do «Ciência Hoje».



Neurónios produtores/receptores de dopamina
mais vulneráveis à morte celular
“Identificámos formas específicas de alfa-sinucleína utilizando uma técnica de microscopia muito avançada, que esperamos poder vir a utilizar em Portugal em breve. Estes nossos resultados ajudam a compreender melhor o mecanismo molecular que conduz à doença, bem como encontrar novas formas para a sua prevenção ou terapia”, continua o investigador.

Parkinson é uma doença neurodegenerativa que atinge actualmente mais de seis milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, afecta já mais de 20 mil pessoas.

Manifesta-se habitualmente a partir dos 60 anos, havendo, no entanto, cinco a dez por cento de casos em que os sintomas aparecem aos 40 anos ou mais cedo. Os sintomas mais evidentes são os tremores, a lentidão de movimentos, problemas de equilíbrio e a rigidez dos membros.

Portugueses descobrem principal causa da doença de Parkinson

Investigadores da Universidade Coimbra

Portugueses descobrem principal causa da doença de Parkinson

"Uma equipa de investigadores de Coimbra descobriu que a principal causa da doença de Parkinson será a disfunção da mitocôndria, responsável pela produção de energia nas células, "contrariando algumas das últimas teses científicas" sobre a patologia.


Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, lentamente progressiva e que se manifesta através de rigidez muscular, tremores, diminuição da mobilidade e instabilidade postural.
Afectará "mais de quatro milhões de pessoas em todo o mundo" e "em mais de 90 por cento dos casos" é de origem desconhecida, disse Sandra Morais Cardoso, líder do grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC).
O estudo, publicado na revista 'Human Molecular Genetics', vem demonstrar que "a deficiência no tráfego intracelular (auto-estradas celulares) é provocada pela disfunção das mitocôndrias dos doentes", que são responsáveis pela produção de energia nas células, refere uma nota divulgada pela UC.
Sandra Morais Cardoso explica que "a disfunção mitocondrial é o evento que está na base da deficiente autofagia, o mecanismo através do qual ocorre a degradação de organelos disfuncionais e de proteínas danificadas", que permite eliminar o lixo biológico que se acumula ao longo do envelhecimento e que se não for expulso leva à morte das células.
A investigação, que tem como primeira autora a aluna de doutoramento Daniela Moniz Arduíno, vem também demonstrar que a activação de uma autofagia deficiente, por si só, "é pior para o envelhecimento das células", prejudicando ainda mais o paciente."