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domingo, 28 de novembro de 2010

Há cada vez menos lares para tantos idosos

"A insuficiência de resposta é a maior característica do apoio social a idosos em Portugal", diz Carlos Andrade, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP). O ministério que tutela a área garante que não: há mais vagas do que utentes.

Segundo dados da Carta Social de 2008 sobre a capacidade das respostas sociais para a população idosa em Portugal continental, existiam 52.539 utentes em lares de idosos e residências, cuja capacidade total é de 53.373 vagas.

Por sua vez, dados do Observatório de Idosos e Grandes Dependentes da UMP permitem "constatar a persistência da difícil relação entre a procura de idosos que precisam de apoio e acolhimento e a capacidade de resposta: ainda hoje o número de camas é insuficiente", afirma o responsável pelo gabinete de Acção Social da UMP, Carlos Andrade.

Quanto às listas de espera, fonte do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social explica que "não é possível apurar uma lista com rigor", considerando que há idosos que podem inscrever-se em vários lares ao mesmo tempo ou garantir uma inscrição ainda antes de necessitar dela por forma a salvaguardar o seu futuro. Factores como estes podem "empolar as listas".

Com uma posição discordante, Carlos Andrade insiste que a única forma de contrariar a insuficiência de respostas sociais seria "criar uma quantidade de instituições e de camas superior aos valores da própria evolução demográfica" portuguesa, cuja tendência é de aumento do número de idosos. Contudo, o responsável da UMP ressalva que "não há estagnação" no universo das instituições para idosos, mas sim um "crescimento que não consegue acompanhar as necessidades reais".

Há, no entanto, um cenário que começa a evoluir: a qualificação dos equipamentos. Neste âmbito, verificam-se duas realidades distintas, continua a defender Carlos Andrade. "Por um lado, existem instituições com equipamentos novos, lares de grande qualidade tanto a nível nacional, como a nível internacional. Por outro lado, encontram-se os lares que continuam a funcionar com equipamentos antigos, mas esforçando-se para melhorar a qualidade dos seus serviços".

A actualização dos equipamentos, muitos deles a funcionar em edifícios centenários, está à espera que "o Estado reconheça o problema e avance com um projecto de apoio significativo para as Misericórdias e para as outras instituições", acrescenta.

Entretanto, no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, "o Governo apostou na criação de raiz de alguns lares, facto que vem gerar mais camas e mais empregos". Contudo, a recuperação de lares antigos "terá que tornar-se numa prioridade do Governo".

Já na perspectiva de José Moura, director de O Lar do Comércio, Instituição Particular de Solidariedade Social situada em Leça do Balio, "o Governo não se tem comportado mal, tem vindo a realizar algum esforço no sentido de melhorar a vida dos idosos". No caso do Lar do Comércio, instituição com 73 anos de existência, José Moura sublinha o facto de "manter acordos com o Estado e não subsídios".

Enquanto que naquele lar os idosos pagam 70% da sua reforma, independentemente do seu valor, tendo acesso a todos os serviços da instituição, no universo da UMP, o custo médio mensal de um idoso para uma instituição situa-se entre mil e 1100 euros.

Neste momento, existem 1.352 instituições da UMP a prestar diversos tipos de apoios a 50.170 utentes em Portugal continental, Açores e Madeira. Neste universo incluem-se lares de idosos e lares para grandes dependentes, centros de dia e de convívio e vários organismos de apoio domiciliário.

Para Carlos Andrade, "o futuro reserva o aumento do número de idosos e a sociedade terá que fazer algo que ainda não fez: olhar com atenção para eles".

2009-12-27 Cláudia Luís

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1456260

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